Fibrilação Atrial

A FA é definida por atividade elétrica atrial caótica e desorganizada com ausência de ondas P, gerando irregularidades finas, grosseiras ou um misto destas alterações na linha de base (ondas f). A frequência atrial varia entre 450 e 700 ciclos por minuto com resposta ventricular variável.

Critérios Eletrocardiográficos

  • Ausência de ondas P
  • Intervalos RR irregulares
  • A linha de base pode se apresentar isoelétrica ou com irregularidades finas ou grosseiras (ondas f)

Classificação

A classificação atual da FA distingue cinco padrões baseados na apresentação, duração e término espontâneos dos episódios de arritmia.

  • FA de diagnóstico recente: FA não diagnosticada antes, independentemente da sua duração ou da presença/gravidade dos sintomas relacionadas com a FA
  • FA Paroxística: FA que cessa espontaneamente ou com intervenção dentro de 7 dias após o início
  • FA Persistente: FA mantida continuamente por mais de 7 dias, incluindo episódios cessados por cardioversão (medicamentos ou cardioversão elétrica) após ≥ 7 dias
  • FA Persistente de longa duração: FA contínua de duração > 12 meses quando decide-se adotar uma estratégia de controle do ritmo
  • FA Permanente: FA aceita pelo paciente e pelo médico, e nenhuma outra tentativa de restaurar/manter o ritmo sinusal será realizada. O termo não deve ser usado no contexto de uma estratégia de controle do ritmo (terapia antiarrítmica ou ablação). Caso adotada uma estratégia de controle do ritmo, a arritmia deve ser reclassificada como “FA persistente de longa duração”

Fenômeno de Ashman

O fenômeno de Ashman é um tipo de distúrbio de condução intraventricular dependente da variação da FC. Ocorre em um batimento que segue um intervalo RR curto após um intervalo RR longo (sequências de ciclos longo-curto) em razão do aumento do período refratário no sistema de condução. Geralmente se observa um batimento aberrante com morfologia de BRD.

ECG na Fibrilação Atrial

Eletrocardiograma com fibrilação atrial

Fibrilação atrial. Ritmo irregular com ausência de ondas P. As irregularidades na linha de base são provocadas pelas ondas f.

Eletrocardiograma com fibrilação atrial e bloqueio de ramo esquerdo

Fibrilação atrial. Exemplo de FA com BRE, note a irregularidade entre os complexos QRS e a ausência de onda P no ECG.

Eletrocardiograma com fibrilação atrial

Fibrilação atrial. Exemplo de FA com baixa resposta ventricular. As ondas f são visíveis no traçado gerando oscilações grosseiras.

Leia Também

Tópicos Relacionados

Referências

  1. Samesima N, God EG, Kruse JCL, Leal MG, et al. Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre a Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos – 2022. Arq Bras Cardiol. 2022;93(3 Suppl 2):2–19.
  2. Hindricks G, Potpara T, Dagres N, Bax JJ, et al. 2020 ESC Guidelines for the diagnosis and management of atrial fibrillation developed in collaboration with the European Association for Cardio-Thoracic Surgery (EACTS). Eur Heart J. 2021;42(5):373–498.
  3. Campelo RT, Armaganijan L, Moreira DAR, Scheffer MK, et al. Amplitude das Ondas F como Preditor de Tromboembolismo e de Sucesso da Cardioversão Elétrica em Pacientes com Fibrilação Atrial Persistente. Arq Bras Cardiol. 2022;
  4. Gouaux JL, Ashman R. Auricular fibrillation with aberration simulating ventricular paroxysmal tachycardia. Am Heart J. 1947;34(3):366–73.

Livros de ECG

Scheffer MK, De Marchi MFN, de Alencar Neto JN, Felicioni SP. Eletrocardiograma de A a Z. São Paulo: Manole, 2024.

Scheffer MK, Ohe LN, de Alencar Neto JN. Manual Prático de eletrocardiograma. 2022.

Alencar JN. Tratado de ECG. 2022.

Matheus Kiszka Scheffer

Matheus é médico do setor de Tele-Eletrocardiografia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), autor do livro Eletrocardiograma de A a Z e editor-chefe do site "Aprenda ECG". Possui especialização em Eletrofisiologia Clínica e residência médica em Cardiologia e Clínica Médica.