Hipercalemia e suas Alterações Eletrocardiográficas: Como o ECG Reflete os Níveis Sérios de Potássio

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O potássio desempenha um papel essencial na manutenção do potencial elétrico das células cardíacas. Quando seus níveis séricos aumentam de forma significativa, podem ocorrer alterações importantes no eletrocardiograma (ECG), refletindo a influência desse íon no coração. Vamos explorar como essas alterações se manifestam conforme a gravidade da hipercalemia.

O Papel do Potássio na Atividade Cardíaca

Sendo o íon intracelular mais abundante, o potássio regula o potencial transmembrana das células cardíacas. Quando os níveis séricos de potássio excedem 5,5 mEq/L, o risco de alterações elétricas no coração aumenta, especialmente com valores acima de 6,0 mEq/L.

Alterações Eletrocardiográficas Clássicas da Hipercalemia

As manifestações no ECG variam conforme o nível sérico de potássio:

  • 5,5 – 6,5 mEq/L: Onda T alta, simétrica e de base estreita (aspecto em “tenda”).
  • 6,5 – 7,0 mEq/L: Redução da amplitude da onda P e aumento progressivo do intervalo PR.
  • 7,0 – 9,0 mEq/L: Alargamento progressivo do complexo QRS, podendo ocorrer alterações no segmento ST.
  • > 9,0 mEq/L: Padrão sinusoidal no ECG, associado a alto risco de fibrilação ventricular (FV) e assistolia.
Alterações eletrocardiográficas na hipercalemia
Alterações eletrocardiográficas na hipercalemia

Impacto na Condução e no Ritmo Cardíaco

Além das alterações morfológicas no traçado eletrocardiográfico, a hipercalemia pode provocar:

Evolução e Gravidade no ECG

À medida que os níveis de potássio aumentam, as alterações tornam-se mais graves, progredindo para um padrão sinusoidal do ECG, sinal de risco iminente de arritmias malignas. Essa evolução destaca a importância do reconhecimento precoce dessas alterações, especialmente em pacientes com quadros sugestivos de distúrbios hidroeletrolíticos.

Conclusão

O ECG é uma ferramenta indispensável no manejo da hipercalemia, permitindo identificar precocemente alterações elétricas que podem evoluir para arritmias fatais. Reconhecer essas alterações em cada etapa do distúrbio é fundamental para a estratificação de risco e intervenção terapêutica imediata.

Referências

  1. Scheffer MK, De Marchi MFN, de Alencar Neto JN, Felicioni SP. Eletrocardiograma de A a Z. São Paulo: Manole, 2024.
  2. Alencar JN. Tratado de ECG. 2022.

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Matheus Kiszka Scheffer

Médico do setor de Tele-Eletrocardiografia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), autor do livro Eletrocardiograma de A a Z e editor-chefe do site "Aprenda ECG". Possui especialização em Eletrofisiologia Clínica e residência médica em Cardiologia e Clínica Médica.