Os bloqueios atrioventriculares (BAVs) referem-se a atrasos na condução do estímulo dos átrio para os ventrículos. Anatomicamente, esses atrasos podem estar localizados no próprio nó AV (bloqueio nodal), no tronco His–Purkinje (bloqueio intra-His) ou abaixo dele (bloqueio infra-His). Podemos dividi-los ainda em como de 1º, 2º ou 3º grau.
Critérios Eletrocardiográficos
Bloqueio Atrioventricular de 1º grau
- Intervalo PR > 200 ms
Bloqueio Atrioventricular de 2º grau tipo 1
- Aumento progressivo do intervalo PR, até que a condução AV fique bloqueada e um batimento sinusal não consiga ser conduzido
- O intervalo PR após a onda P bloqueada é mais curto do que o intervalo PR que antecede o bloqueio
Bloqueio Atrioventricular de 2º grau tipo 2
- Interrupção súbita da condução AV, observado por uma onda P bloqueada
- O intervalo PR é fixo
Bloqueio Atrioventricular de 2º grau 2:1
- Alternância de uma onda P de origem sinusal conduzida e outra bloqueada
Bloqueio Atrioventricular de 2º grau avançado
- Existe condução AV em menos de 50% dos batimentos sinusais, sendo em proporção 3:1, 4:1 ou maior
Bloqueio Atrioventricular de 3º grau ou total (BAVT)
- Não existe associação entre a atividade elétrica atrial e ventricular (dissociação AV)
- A frequência atrial é maior que a do ritmo de escape
- Os complexos QRS podem ser estreitos (ritmo de escape juncional) ou alargados (ritmo de escape ventricular)
ECG nos Bloqueio Atrioventriculares
Bloqueio atrioventricular de 1º grau. Caracterizado pelo retardo na condução AV e expresso eletrocardiograficamente como um prolongamento do intervalo PR maior do que 200 ms.
Bloqueio atrioventricular de 2º grau Mobitz 1. Também conhecido como fenômeno de Wenchbach, refere-se ao prolongamento progressivo do intervalo PR, até a ocorrência de uma onda P bloqueada. O intervalo PR que sucede a pausa provocada pelo bloqueio é menor do que o intervalo PR que a precede.
Bloqueio atrioventricular de 2º grau Mobitz 2. Nesta forma de bloqueio o intervalo PR é fixo e a onda P bloqueada surge de maneira intermitente no traçado eletrocardiográfico.
Bloqueio atrioventricular 2:1. No BAV 2:1, uma onda P conduz e é seguida por um complexo QRS, e a outra é bloqueada gerando uma pausa.
Bloqueio atrioventricular avançado. Nesta forma de bloqueio temos uma condução AV 3:1 ou maior. No exemplo observe a presença de 2 ondas P bloqueadas e uma onda P que conduz produzindo um complexo QRS. Note que o intervalo PR da onda P que conduz é fixo, diferenciando-o do BAVT.
Bloqueio atrioventricular de 3° grau ou total (BAVT). Há uma completa dissociação entre as atividades atrial e ventricular. As ondas P e os complexos QRS são independentes e não apresentam qualquer relação entre si.
Tópicos Relacionados
Referências
- Scheffer MK, De Marchi MFN, de Alencar Neto JN, Felicioni SP. Eletrocardiograma de A a Z. São Paulo: Manole, 2024.
- Samesima N, God EG, Kruse JCL, Leal MG, et al. Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre a Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos – 2022. Arq Bras Cardiol. 2022;93(3 Suppl 2):2–19.
- Kusumoto FM, Schoenfeld MH, Barrett C, Edgerton JR, et al. 2018 ACC/AHA/HRS Guideline on the Evaluation and Management of Patients With Bradycardia and Cardiac Conduction Delay. J Am Coll Cardiol. 2019;74(7):e51–156.
- Issa Z, Miller J, Zipes D. Clinical Arrhythmology and Electrophysiology: A Companion to Braunwald’s Heart Disease. 3a ed. Philadelphia: Elsevier; 2019. 752 p.
Livros de ECG
Scheffer MK, De Marchi MFN, de Alencar Neto JN, Felicioni SP. Eletrocardiograma de A a Z. São Paulo: Manole, 2024.
Scheffer MK, Ohe LN, de Alencar Neto JN. Manual Prático de eletrocardiograma. 2022.
Alencar JN. Tratado de ECG. 2022.