🧠 Caso clínico
Paciente masculino, 28 anos, previamente hígido, chega ao pronto-socorro com palpitações intensas, sudorese e tontura iniciadas há cerca de 40 minutos. Relata episódios similares anteriores, mas sempre autolimitados. Nega dor torácica ou dispneia. Está consciente, ansioso, sudorético e taquicárdico ao exame, com FC aproximada de 220 bpm e PA de 90/60 mmHg. Foi realizado um ECG de 12 derivações na admissão.

❓Pergunta ao leitor
Qual é a arritmia observada no ECG e qual deve ser a conduta inicial?
✅ Resposta
O primeiro ECG mostra uma taquiarritmia completamente irregular com QRSs largos e morfologia variável, sem ondas P visíveis — quadro altamente sugestivo de fibrilação atrial pré-excitada.
⚡ Conduta imediata
Diante de instabilidade hemodinâmica, a conduta correta é cardioversão elétrica sincronizada imediata. O uso de drogas que deprimem a condução pelo nó AV (como bloqueadores de canal de cálcio, betabloqueadores, digoxina ou adenosina) está contraindicado, pois pode favorecer condução predominante pela via acessória e precipitar fibrilação ventricular.
📊 ECG após a CVE

Após a cardioversão elétrica, o novo ECG revela ritmo sinusal com PR curto e presença de onda delta, compatível com pré-excitação ventricular manifesta (síndrome de Wolff-Parkinson-White).
📚 Comentários didáticos
A fibrilação atrial pré-excitada ocorre quando o impulso atrial desorganizado se propaga diretamente aos ventrículos por uma via acessória com condução anterógrada, bypassando o nó AV. Isso leva a frequências ventriculares muito altas e QRSs amplos e irregulares, o que representa risco elevado de degeneração para FV e morte súbita.
A presença de onda delta e PR curto no ECG em ritmo sinusal confirma a existência de uma via acessória com condução anterógrada.