Desafio ECG #3: Você consegue identificar as pistas que levaram ao diagnóstico de OCA?

Caso Clínico

Mulher de 64 anos, admitida no pronto-socorro com dor torácica típica de origem isquêmica. O eletrocardiograma inicial evidencia um bloqueio de ramo esquerdo (BRE). Nesses casos, o ECG pode realmente ser útil no diagnóstico de uma oclusão coronária aguda (OCA)?

Eletrocardiograma com bloqueio de ramo esquerdo (BRE)

Resposta

Nos casos de dor torácica de origem isquêmica que apresentem um bloqueio de ramo esquerdo, o ECG ainda pode auxiliar no diagnóstico de oclusão coronária aguda. Algumas alterações específicas do segmento ST propostas por Sgarbossa, Smith e Di Marco podem ser de extrema valia na sala de emergência. Podemos observar no ECG acima que a derivação aVR apresenta o QRS com amplitude < 6 mm, associado a um supradesnível de ST de 1 mm. Essa alteração é sugestiva de oclusão coronária aguda, conforme mostrado no estudo de Di Marco et al., que ficou popularmente conhecido como algoritmo de Barcelona. Esse algoritmo é considerado sugestivo de oclusão coronária aguda quando uma das seguintes alterações está presente: supradesnível de ST > 1 mm concordante com QRS; infradesnível de ST > 1 mm concordante com QRS; desnível de segmento ST > 1 mm discordante do QRS, sendo a amplitude de onda R ou S < 6 mm.

Na paciente em questão, a cinecoronariografia evidenciou uma lesão suboclusiva de um grande ramo ventricular posterior, o qual foi submetido à angioplastia e colocação de stent.

Sandro Pinelli Felicioni

Cardiologista, especialista em Ergometria e Reabilitação Cardíaca e doutor em Ciências pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, onde atua no Setor de Tele-Eletrocardiografia.