O cálculo exato do eixo elétrico cardíaco, na verdade, tem pouca importância prática. O desvio de eixo elétrico para além dos limiares normais já é suficiente para a análise correta e sistematizada do ECG.
Como Estimar o Eixo Elétrico Cardíaco
O eixo elétrico ventricular é avaliado pelas derivações do plano frontal (D1, D2, D3, aVR, aVL, aVF). O objetivo é determinar a direção do vetor elétrico médio da despolarização ventricular.
Passos para Determinação do Eixo
- Analisar as derivações D1 e D2:
- Se ambas forem positivas, o eixo é normal (entre -30° e +90°).
- Se D1 for positiva e D2 negativa, pode haver desvio para a esquerda.
- Se D1 for negativa e D2 positiva, pode haver desvio para a direita.
- Se ambas forem negativas, o desvio é extremo.
- Identificar a derivação com maior amplitude do complexo QRS:
- O vetor elétrico aponta para a derivação onde o complexo QRS é predominantemente positivo.
- Se uma derivação for totalmente negativa, o eixo está a 180° dessa direção.
- Identificar a derivação isodifásica:
- Quando uma derivação apresenta ondas R e S de amplitude igual, o eixo elétrico está aproximadamente perpendicular a ela.
A análise do eixo elétrico utilizando D1 e D2 é preferida em relação a D1 e aVF porque D2 é perpendicular a -30º, tornando-se um melhor indicador de desvio do eixo para a esquerda. Quando D2 for negativo, o eixo estará fora da faixa normal, indicando um desvio para a esquerda. Já aVF pode ser negativo mesmo com o eixo ainda dentro da faixa normal (-30º a 0º), o que pode levar a interpretações equivocadas se usado isoladamente. Portanto, a avaliação conjunta de D1 e D2 permite uma determinação mais precisa do eixo elétrico, diferenciando melhor os casos normais dos desvios patológicos.

Desvios de Eixo e Seus Limites
Tipo de Desvio | Intervalo do Eixo |
---|---|
Eixo Normal | -30° a +90° |
Desvio para a Esquerda | -30° a -90° |
Desvio para a Direita | +90° a +180° |
Desvio Extremo | -90° a +180° |
Importância Prática
A determinação do eixo elétrico é uma ferramenta valiosa na análise do ECG, especialmente quando existem indícios de bloqueios divisionais, hipertrofias ventriculares e alterações metabólicas. Olhar para D1 e D2 é um dos passos mais rápidos e eficazes para identificar a normalidade ou desvio do eixo.