O bloqueio de ramo esquerdo (BRE) é uma condição frequentemente identificada em eletrocardiogramas (ECG) e a terapia de ressincronização cardíaca (TRC) tem mostrado benefícios significativos para pacientes com BRE completo, mas a seleção adequada dos candidatos à TRC ainda é um desafio. O critério tradicional para o diagnóstico de BRE pode não ser suficiente, e novas propostas sugerem ajustes nos critérios para uma melhor seleção dos pacientes. Neste post, exploraremos o critério de Strauss para o diagnóstico de BRE e como ele pode influenciar a eficácia da TRC.
Critérios Tradicionais para Diagnóstico de BRE
O diagnóstico convencional de BRE inclui três critérios principais:
- Duração do QRS: ≥120 ms.
- Morfologia do QRS: QS ou rS em V1.
- Ausência de ondas Q: Em V6 e I.
Além desses critérios, as diretrizes recomendam a presença de ondas R amplas e notadas em derivações como D1, aVL, V5 e V6, além de padrões RS ocasionais em V5 e V6. No entanto, esses critérios podem não capturar completamente a complexidade do BRE e a sua relação com a TRC.
Propostas de Melhoria no Diagnóstico
Strauss sugere que a definição de BRE pode precisar de ajustes para melhorar a seleção de pacientes para TRC. As nova proposta inclui:
- Duração do QRS: Definir um limite mais rígido de ≥140 ms para homens e ≥130 ms para mulheres. Esses limites são baseados na ideia de que homens têm corações maiores e, portanto, um tempo de despolarização mais longo.
- Entalhe e empastamentos no QRS: A presença de entalhes ou empastamentos no meio do QRS em pelo menos duas das seguintes derivações: V1, V2, V5, V6, D1 e aVL.
Justificativa para os Novos Critérios
Os novos critérios são baseados em simulações computacionais que mostram que os entalhes no QRS refletem o tempo necessário para a despolarização elétrica se espalhar pelo ventrículo esquerdo. A pesquisa também revelou que a duração do QRS pode ser prolongada de maneira significativa em casos de BRE completo, o que não é totalmente capturado pelos critérios tradicionais. Além disso, os novos critérios ajudam a diferenciar entre BRE completo e condições como hipertrofia ventricular esquerda e bloqueio fascicular anterior esquerdo, que podem mimetizar o BRE.
Referências
- Strauss DG, Selvester RH, Wagner GS. Defining left bundle branch block in the era of cardiac resynchronization therapy. Am J Cardiol. 2011;107(6):927–34.