V3R e V4R: Quando utilizá-las e qual o seu papel no diagnóstico de infarto

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As derivações eletrocardiográficas V3R e V4R desempenham um papel fundamental na identificação de infarto agudo do miocárdio (IAM) com acometimento do ventrículo direito. Estas derivações não fazem parte do ECG padrão de 12 derivações, mas são cruciais em situações específicas. Neste artigo, discutiremos quando utilizá-las, como posicioná-las corretamente e quais critérios utilizamos para diagnosticar infarto do ventrículo direito, além da identificação da artéria culpada.


Quando utilizar as derivações V3R e V4R?

As derivações V3R e V4R são particularmente úteis nas seguintes situações clínicas:

  • Infarto de parede inferior: Sempre que houver supradesnivelamento do segmento ST nas derivações D2, D3 e aVF, a avaliação do ventrículo direito deve ser realizada. O infarto do ventrículo direito está frequentemente associado ao acometimento da artéria coronária direita proximal.
  • Suspeita de comprometimento hemodinâmico: Casos de choque cardiogênico ou bradicardia inexplicada podem sugerir comprometimento do ventrículo direito.
  • Dor torácica com ECG inconclusivo: A análise dessas derivações pode esclarecer o diagnóstico em pacientes com sintomas sugestivos de síndrome coronariana aguda.

Como posicionar as derivações V3R e V4R?

As derivações V3R e V4R são posicionadas no lado direito do tórax, espelhando as posições convencionais de V3 e V4. Aqui está o passo-a-passo para colocá-las corretamente:

  1. V4R: Localize o 5º espaço intercostal na linha médio-clavicular direita, equivalente à posição de V4 no lado esquerdo.
  2. V3R: Coloque o eletrodo entre V1 e V4R, no mesmo padrão seguido para V3 à esquerda.

Certifique-se de rotular corretamente as derivações para evitar confusões durante a análise.

Derivações eletrocardiográficas v3r e v4r
Derivações eletrocardiográficas v3r e v4r

Critérios para infarto nas derivações V3R e V4R

O critério diagnóstico de infarto agudo do miocárdio nessas derivações é o supradesnivelamento do segmento ST, com os seguintes parâmetros:

  • Supradesnivelamento do ST ≥ 0,5 mm em pelo menos uma das derivações (V3R ou V4R).

É importante lembrar que as alterações devem estar associadas a um contexto clínico compatível, como dor torácica típica e elevação de marcadores de necrose miocárdica.


Qual é a artéria culpada no infarto do ventrículo direito?

O infarto do ventrículo direito ocorre mais comumente devido à oclusão da artéria coronária direita (ACD) proximal. Essa oclusão compromete a irrigação do ventrículo direito, resultando em disfunção hemodinâmica significativa. A identificação precoce é essencial, pois o manejo desses casos pode incluir estratégias específicas, como evitar o uso de nitratos, que podem agravar o quadro clínico.


Conclusão

As derivações V3R e V4R são ferramentas valiosas na avaliação de pacientes com suspeita de infarto do ventrículo direito. Seu uso sistemático em casos selecionados pode melhorar a precisão diagnóstica e direcionar o tratamento adequado. Ao reconhecer o supradesnivelamento do segmento ST nessas derivações, é possível identificar o infarto e correlacioná-lo à oclusão proximal da artéria coronária direita, otimizando os desfechos clínicos.


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Referências

  1. Scheffer MK, De Marchi MFN, de Alencar Neto JN, Felicioni SP. Eletrocardiograma de A a Z. São Paulo: Manole, 2024.

Matheus Kiszka Scheffer

Sou médico do setor de Tele-Eletrocardiografia do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), autor do livro Eletrocardiograma de A a Z e editor-chefe do site "Aprenda ECG". Possuo especialização em Eletrofisiologia Clínica e residência médica em Cardiologia e Clínica Médica.